"Os dentes mudam o sorriso, o sorriso muda a face. A face muda a expressão, a expressão muda a vida!"

sexta-feira, 3 de junho de 2011

FICHAMENTO 5


Candida albicans isoladas da cavidade bucal de crianças com síndrome de Down: ocorrência e inibição do crescimento por Streptomyces sp
José Daniel Gonçalves VieiraI; Evandro Leão RibeiroI; Cerise de Castro CamposII; Fabiana Cristina PimentaI; Orlando Ayrton de ToledoII; Gustavo Morais NagatoIII; Niwmar Alves de SouzaIII; Wesley Magno FerreiraIV; Cléver Gomes CardosoV; Sueli Meira da Silva DiasVI; César Aparício de Araújo JúniorVII; Daniel Teles ZattaVII; Juliana de Sousa dos SantosVII
IDepartamento de Microbiologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO
IIDepartamento de Odontologia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, Brasília, DF
IIICirurgiões-dentistas da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO
IVEspecialista em Farmácia Hospitalar e Assistencial da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO
VDoutorando em Patologia Molecular da Universidade de Brasília, Brasília, DF
VIMestranda em Medicina Tropical do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO
VIIFarmacêuticos da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO



As leveduras do gênero Candida são microrganismos integrantes da microbiota bucal do homem desde o nascimento. Esta condição microbiológica propicia comumente uma relação de equilíbrio entre parasita-hospedeiro, diante da manutenção da integridade das barreiras teciduais, relação harmônica da microbiota autóctone e funcionamento adequado do sistema imunológico humano, havendo em contrapartida por parte do fungo leveduriforme, permanência equilibrada da capacidade de aderência e da produção de enzimas e toxinas.

Nas crianças com síndrome de Down, além das alterações anátomo-fisiológicas bucais, macroglossia, estagnação salivar decorrente de incompetência muscular da boca, dificuldade motora, constantes doenças respiratórias e comprometimento simultâneo da resposta imunológica inata e adquirida fazem com que estes fatores adicionais, as tornem mais suscetíveis a processos infecciosos, inclusive fúngicos, onde as espécies de Candida são os agentes etiológicos mais preponderantes.

Este sítio bucal altamente povoado por cepas de Candida faz também com que as crianças detentoras desta alteração cromossômica possuam o biofilme dentário com uma interferência fúngica maior, fazendo com que haja uma ação direta ou coadjuvante na ocorrência da cárie dentária, gengivite e periodontite, quando os estreptococos do grupo mutans atuam como agentes principais.

Drogas azólicas e antibióticos poliênicos constituem os recursos terapêuticos mais comumente empregados em candidíase bucal. Entretanto, constantes recidivas de manifestações de Candida na boca de crianças, inclusive nas portadoras de síndrome de Down, favorecem a busca de novas drogas.

Isolamento e identificação. Setenta amostras de secreção salivar foram coletadas com swabs esterilizados da mucosa jugal de crianças, sendo 35 amostras de crianças portadoras de síndrome de Down (grupo-teste) e as demais crianças desprovidas desta síndrome (grupo controle). Todas as crianças possuíam faixa etária de 0 a 10 anos, apresentavam mucosa bucal íntegra, não faziam uso de nenhuma medicação e foram atendidas na Clínica de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG) em Goiânia-GO, Brasil.
Estatística. Foi realizada aplicando o teste de c2 (Qui-quadrado) para correlacionar os índices de carreamento de leveduras de Candida entre as cavidades bucais de crianças com e sem síndrome de Down e os valores obtidos foram considerados estatisticamente significantes quando p< 0,05.

Cepas de Candida utilizadas na análise antifúngica. Foram escolhidas aleatoriamente 8 cepas de Candida isoladas e identificadas dentre as provenientes da mucosa bucal de crianças com síndrome de Down.

Isolados de Streptomyces sp utilizados. Foram utilizados 5 isolados de Streptomyces sp, provenientes dos solos da Mata Atlântica (ES) (TIJA 2, TIJA 12 e TILA 1) e do Cerrado brasileiro (ADU 1.3 e ADU 2.1).


Detecção de atividade antifúngica. Esporos dos Streptomyces sp foram cultivados em meio ágar ISP-2 (constituído de g/L: glucose 4; extrato de levedura 4; extrato de malte 10; ágar-ágar 20, pH 7,3) a 30ºC por 15 dias até esporulação para a produção das possíveis substâncias antifúngicas.
Das 70 amostras de secreção salivar coletadas das crianças detectou-se a ocorrência de Candida em 36 (51,4%) amostras, sendo todas pertencentes à espécie albicans. A diferença entre a detecção de leveduras de Candida carreadas entre as mucosas bucais de crianças com e sem síndrome de Down mostrou significância estatística (p<0,05).
A síndrome de Down é decorrente da trissomia do cromossomo 21 do cariótipo humano, a qual pode ser provocada por não-disjunção, translocação ou ainda mosaicismo. Esta cromossomopatia induz alterações bucais que afetam estruturas ósseas, como os dentes, língua gengiva e mucosa. Deste modo, a capacidade de colonização e/ou patogenicidade das cepas de Candida pode ser favorecida pela protusão da língua, respiração bucal, irritação da mucosa com fissuras linguais e nos cantos labiais, problemas respiratórios e higiene bucal deficiente.
Agrega-se ainda a esta situação, o comprometimento do sistema imunológico em relação as respostas celular e humoral. Linfócitos T e células killer possuem suas atividades funcionais afetadas. Níveis baixos de imunoglobulinas IgG e IgG favorecem infecções microbiológicas, além da irregularidade fisiológica da peróxido-desmutase comprometer a defesa orgânica contra microrganismos, levando cepas de Candida e Staphylococcus a serem agentes etiológicos predominantes nos processos infecciosos bucais.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822005000500003&lng=pt&nrm=iso

Nenhum comentário:

Postar um comentário