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quinta-feira, 2 de junho de 2011

FICHAMENTO 2

A etiologia multifatorial da recessão periodontal
The etiologic factors of periodontal recession

Karen Ferreira Gazel Yared Mestre em Ortodontia COP – PUCMINAS; Elton Gonçalves Zenobio Doutor em Periodontia FOA-UNESP. Professor Adjunto III Periodontia PUCMINAS. Coordenador área de Periodontia. Mestrado COP- PUCMINAS; Wellington Pacheco Mestre em Ortodontia UFRJ. Professor Adjunto III do Mestrado em Ortodontia COP – PUCMINAS

A recessão periodontal corresponde à perda de inserção, resultando em uma posição mais inferior da margem gengival livre, em qualquer parte da superfície da raiz exposta.
Oliver, Brown e Löe relataram um estudo epidemiológico nacional nos Estados Unidos, onde se observou o parâmetro periodontal de recessão maior ou igual a 3mm em 15% da população, aumentando o índice em 0,5%, dos 18 aos 24 anos, até 45% naqueles com mais de 65 anos, sendo que 3% de todas as áreas examinadas apresentavam esse grau de recessão.
Albandar e Kingman apresentaram os resultados da avaliação de 9.689 indivíduos na 3ª Avaliação Nacional de Saúde e Nutrição, nos Estados Unidos, na qual foi observada a prevalência de recessão maior ou igual a 1 mm em 37,8% dos casos e a extensão em 8,6% dos dentes.

A recessão periodontal se apresenta como uma condição de etiologia multifatorial, embora o fator predominante em determinada área seja impossível de ser identificado.

Alguns fatores têm sido propostos como participantes na etiologia da recessão periodontal: o biofilme bacteriano dentário e sua conseqüente inflamação gengival, a oclusão traumatogênica, o trauma proveniente da escovação ou da inserção alterada do freio labial e características anatômicas locais relacionadas ao posicionamento dentário, espessura da gengiva marginal, altura da faixa de mucosa ceratinizada e tecido ósseo subjacente.
O acúmulo do biofilme bacteriano é de suma importância na perda de tecido de inserção periodontal. Os estudos de Parffit e Mjör demostraram que, nos dentes em que havia maior dificuldade de higienização, houve maior acúmulo de biofilme bacteriano, gengivite, com maior gravidade e maior prevalência de recessão.

O autor concluiu que o tecido gengival representa uma referência de saúde periodontal e, portanto, o sangramento à sondagem deve ser avaliado, uma vez que a presença contínua de inflamação pode levar à recessão localizada.
Segundo Lindhe, o trauma oclusal representa alterações periodontais patológicas ou de adaptação, que podem acompanhar forças excessivas provenientes dos músculos da mastigação. Harrel e Nunn desmistificaram o assunto, concluindo não haver relação entre as discrepâncias oclusais, oclusão traumatogênica e a ocorrência da recessão periodontal. Os autores alertaram ainda que não há dados consistentes na literatura para comprovar a existência de tal relação.

Avaliando 80 indivíduos, Bowers observou que a inserção alta do freio labial inferior estava freqüentemente associada com áreas de faixa de gengiva inserida mais estreita. Também estava relacionada com o aumento da gravidade da recessão periodontal, quando esta estava presente.
Quando o freio labial inferior apresentar inserção alta no processo alveolar, poderá ocorrer uma redução na largura da faixa de mucosa ceratinizada, vestibular aos incisivos centrais inferiores. Essa condição poderá interferir no processo de escovação, favorecendo o acúmulo de placa e a instalação da inflamação, levando à recessão.
Uma faixa mínima de mucosa ceratinizada pode ser observada quando um dente irrompe em vestíbulo-versão ou é forçado para uma posição vestibular pela língua, por falta de espaço (apinhamento) ou outro mecanismo. Entretanto, mesmo alguns incisivos bem posicionados no alvéolo podem exibir faixa de mucosa ceratinizada insuficiente nas superfícies vestibular e lingual.

A saúde periodontal não pode ser mantida em dentes com completa ausência de mucosa ceratinizada.
As deiscências e fenestrações ósseas constituem um pré-requisito para o desenvolvimento da recessão periodontal. Tais deficiências ósseas podem ser classificadas como de desenvolvimento (anatômicas) e adquiridas (fisiológicas ou patológicas). As anatômicas são as deiscências que podem ser formadas quando a direção da erupção dentária leva a raiz a uma posição mais vestibular ou lingual aos dentes adjacentes.

Em dentes rotacionados, a linha do ângulo da raiz torna-se mais proeminente do que a face vestibular, que é relativamente lisa. Em um estudo epidemiológico para investigar agentes etiológicos da recessão, Stoner e Mazdyasna observaram que os incisivos inferiores que apresentavam recessão estavam freqüentemente vestibularizados. 

A recessão periodontal apresenta etiologia multifatorial, com a combinação de variáveis externas e anatômicas locais. Entre as variáveis externas, destacam-se o biofilme bacteriano dentário, o trauma proveniente da escovação e inserção alterada do freio labial. As características anatômicas, que podem estar associadas ao posicionamento dentário, são constituídas pelas dimensões ósseas e mucogengivais locais, sendo a espessura da gengiva marginal de extrema importância.



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